Vacinação infantil; demonstra o seu menor índice de crianças imunizadas dos últimos 16 anos

O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (19) os dados do Programa Nacional de Imunizações, que mostrou os menores índices de vacinação infantil dos últimos 16 anos. Nos últimos dois anos, a meta de imunizar 95% das crianças não foi alcançada. A vacina que menos foi dada é a tetra viral, que previne doenças como rubéola, caxumba e varicela (a catapora), e atingiu pouco mais de 70% de imunização.

Abaixo dela está a vacina do rotavírus, com pouco mais de 75% de cobertura vacinal. No calendário infantil, composto por 9 tipos de vacinas cobertas pelas rede pública de saúde, apenas a BCG bateu a meta em 2016, mas também caiu para 91,4% no ano passado. Ainda assim, o resultado é considerado satisfatório.

De acordo com o Ministério da Saúde, em crianças menores de 1 ano de idade, as vacinas disponibilizadas preveem a cobertura de doenças como: hepatite A e B, tuberculose, difteria, tétano, poliomielite, pneumonia, otite, coqueluche, diarreia causada por rotavírus, meningite e infecções por HiB.

vacinas  (Foto: Heros Images / Getty Images)

O que está por trás da queda da vacinação em crianças no Brasil
Existem alguns fatores que justificam o fato de os pais estarem deixando de levar seus filhos para tomar a vacina. O primeiro deles é o que especialistas chamam de “percepção de risco”, ou seja: à medida que as doenças são erradicadas, a população acha que não precisa mais ser imunizada. “Muitos pais nunca viram doenças graves, como o sarampo e a poliomielite, exatamente porque elas deixaram de existir. Assim, a população começa a achar que essas doenças não são graves ou não têm importância”, lamenta Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde. Na prática, o próprio sucesso da vacina contribui para que as pessoas deixem de vacinar seus filhos.

O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acrescenta ainda a importância de profissionais da saúde baterem firme na tecla da importância da vacinação. “Boa parte deles sequer viu uma pessoa com as doenças que, graças às vacinas, não existem mais. Isso os torna menos sensíveis e enfáticos ao recomendarem a vacinação”, ressalta.

O segundo fator, não menos importante, é a logística na distribuição dos medicamentos, que acaba interferindo na adesão ao programa. “Os postos só funcionam de segunda à sexta, em horário comercial. Se os pais chegam ao posto de saúde e não encontram a vacina, não voltam. A maioria não pode faltar ao trabalho com frequência”, diz.

E há, ainda, as questões regulatórias que, por um lado, visam a eficiência da vacina, mas por outro, prejudicam o abastecimento dos postos de saúde. “Com tantas exigências, acaba sendo um grande desafio entregar vacina de qualidade o tempo todo em todos os lugares do Brasil”, diz Kfouri. Entra na questão da escassez o fato de que, como no país ainda não existe um sistema de agendamento, muitos lotes são abertos num dia e, sem ter a procura esperada, perecem no dia seguinte.

Por fim, vale citar os movimentos antivacinação, que apesar de não terem tanta força para alterar as estatísticas por aqui, existem e estão em crescimento. No Brasil, segundo Kfouri, a pequena parcela da população que é contra a vacina, curiosamente, faz parte de classes sociais mais abastadas. “Geralmente, aderem à causa por questões religiosas, de modismo ou naturalismo. Há também quem acredite que adoecer é melhor do que se proteger da vacina”, diz.

Vale lembrar que nem mesmo as doenças já erradicadas, como a poliomielite, que há 30 anos não assolava ninguém na Venezuela voltou a causar paralisia infantil e deixou os pediatras em alerta. Vacinar é a única forma de garantir que problemas sérios, como sarampo, caxumba e rubéola, deixem de fazer parte do passado para retornar ao presente.

Fonte: G1.

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